Empáticos, Enfáticos, Descrentes

21.10.14


Dos pedaços mal quistos, 
de amar o ódio e odiar um amor tão latente. 
Dos inveterados mal pagos 
e de todas as dores do mundo que não as suas. 

Você me diz ter orgulho da pátria 
e por ela lutar, 
mas e esse veneno que escorre pela jugular, 
nesse sangue que exalta o contrário?

Você espuma um óleo viscoso, 
que tem aparência de medo. 
Um ódio que tem, 
na ignorância contida, 
um quê de juízo final.

E empunha uma espada de um gume só, 
que cega as mudanças
e deixa passar tudo o que não te pertence.

Há um quê de esperança
num choro aguado de crença invisível.
Um clamor coletivo que pede paciência,
sapiência,
que pede coração.

Você cospe esse fogo,
cospe esse ópio,
essa intolerância.
Você ruge um brado
vazio.

E você se faz muitos,
são tantos ao perder de vista
que meu corpo contrai.
Multidão que marcha no escuro,
mas grita injúrias de armas na mão.

Massa covarde,
que ofende.
Que fere a qualquer custo;
ao preço da gasolina comum.

Há de ser mais amor,
há de se crer mais em nós,
de se ser mais ser humano
e menos conta bancária.

E de sentir a fome do homem,
de sentir a dor do homem,
de fazer melhor pelo homem,
de lembrar que o homem do homem vem
e pra terra vai.

Há de se deixar crescer régia
no meio do lodo;
Vitória no meio da lama.
No meio da seca,
do espanto;
Do medo do novo,
do belo e mortal.

Eu morro, tu morres.
Ele morre, olha lá,
nós morremos - todos.
Vós, vossas senhorias, também morreis,
Eles hão de morrer.
Eles quem? - eu pergunto.
Eles, mundo.

Afogados num ódio
que vende em bacia:
na xepa.

Se for pra morrer,
por que viver desse fel?
Por que morrer de rancor?

Faz-se filho do mundo,
no dilúvio de abraços,
aceita o que te difere do outro.
Ama-me, mas de verdade.
Ama-se como amasse o próximo
pra ver que anda amando menos do que deveria.

QUE TAL MAIS UM?

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