(15.11.2005)
O que é angustia?
Será que vem do corpo, da alma ou do coração?
Na dúvida do ser
meu coração aperta,
meu corpo desiste
e minha alma se dilacera.
De onde vem?
Há quanto tempo me pergunto
por quanto tempo estarei?
Tanto fujo
quanto mando.
Tanto vejo
quanto cresço.
Sei que angustiada sou,
assim nasci
e assim morrerei.
Quero ao menos saber:
de onde vem?
Bicho de sete cabeças
Pode ser também
Mula sem cabeça
Ao tanto que me convém
Quero ao menos saber:
de onde vem?
Preocupações que os jovens não têm.
Por isso nunca fui jovem,
preocupações que sempre terei.
Desde o dia em que nasci
até o dia em que morrerei.
A mente se fecha,
o corpo se entorna,
a alma se expande,
meus olhos se enchem.
O escuro como companhia,
ninguém me vê.
Ninguém é o que quero
sem medo de pensar nela
deixo que ela flua
para que possa ao menos descobrir:
de onde vem?
Escrevo páginas seguidas,
papéis voam ao chão.
Mas o que digo
o teclado diz direto para o profano computador.
Minha única saída,
a única solução:
escrever noite e dia,
e assim me fortalecer.
A angustia que me toma
sem que eu peça para entrar,
vai corroendo por dentro
até que me espatife.
Como quem que não quer nada,
entra e faz um vendaval.
Sai de modo grosso
no rangido dos meus dentes.
E quando eu abro minha boca,
me ponho a gritar!
Não, eu não posso
sair desse estado
sem ao menos saber:
de onde vem?
