Um dia de chuva...
4.12.06
A chuva cai e escorre pela sarjeta, levando minhas esperanças e meus erros com ela. Minha alma, como que por acaso, clama por essa chuva; clama para que meu corpo se dirija até lá. Que molhe meu couro cabeludo como que se penetrasse em mim levando até a alma. Não sei, afinal, se a alma está fora ou dentro deste corpo ingrime.
Meus olhos, estes tão cansados de derramar as grossas lágrimas que se conseguissem, misturar-se-iam aos pingos de chuva e desceriam sarjeta abaixo. E acho que estou deitada nesse sarjeta, como um bêbado, esperando uma boa alma me acolher. Meu desejo mais profundo é que alguém me faça companhia, sem conselhos, apenas me ouça, nem que seja para ouvir minhas tristes lágrimas.
Meus braços estão quase que imóveis, quase que dormentes, meus pés insistem em não sair do lugar, ó astros, o universo conspira contra mim, tudo conspira a favor da lei do terror. Minha vida mais parece uma história, e como que por acaso, passo pelo capítulo da tempestade que destrói o barco e leva os tripulantes a uma ilha deserta. Estou sem saída, em uma ilha de temor e descrença. Tudo gira em torno dos problemas, nunca acho uma solução sequer.
Sinto-me tão egoísta e tão mesquinha pensando dessa forma. Mas, ao contrário do que pensam, sou tão frágil quanto um cristal. Ou então, mais frágil que ele. Simplesmente não sei se aguentarei a perna do tripé da qual sou responsável, e sei, mais do que ninguém, que se um desabar, o tripé desmorona.
Aí é que me pergunto: estou pronta para a vida? Meu amigo, para lhe ser sincera? Nem um pouco. Talvez nada. Só o tempo dirá. Sinto-me profundamente apreensiva com tudo e o temor me toma por completo. Sem espaço para respirar, estou sufocada no meu próprio espaço, no campo que eu mesma construí.
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