Sobre monólogos e indagações (des)necessárias

17.11.14


Hoje conversei comigo mesma. Falei sobre o tudo e o nada, e disse a mim que não era preciso pressa, que essa ansiedade havia de passar num piscar de olhos.

Foi um diálogo produtivo - eu comigo- no silêncio contemplativo que há entre nós. Uma sinceridade de fatos expostos à mesa. Gostemos ou não, ali estavam eles: os segredos e medos e agruras. Ali estava eu, aberta como uma cirurgia cardiotorácica.

Disse a mim que é em vão esperar por algo que talvez venha, talvez não. E estimulei uma reflexão sobre como as pessoas mudam, inclusive eu. Sobre como o mercado muda, o foco muda, inclusive o meu.

Fiz novas descobertas sobre mim; atrás desse ‘eu’ que todos veem, tem mais gente do que imaginava; falta-me, agora, saber quem é essa gente toda e o que posso fazer com ela. Nesse debate, houve um embate característico: “o que fazemos agora?” – ‘fazemos’? O que faço eu, isso sim. Então falei pra mim que é assim que tem que ser: comece onde está com o que tem e faça o que dá.

Não que isso servisse de Prozac pra tormenta que sinto sobre o que devo fazer pelo resto da vida. Foi mais como um tapa na cara, é verdade.

Reclamei comigo que esse poliquerer de viver de tudo o que vejo é cansativo; que era hora de apostar num caminho. Ora, me respondi, por que não viver do vento que bate na vela que leva por alto-mar? Assim, ele me leva pra tudo que é novo (e de vez em quando caminhos de outrora).

Eu rio, portanto, de mim, desse papo maluco entre mim comigo. É de se rir, confesse, dessa minha esquizofrenia em que reflito sobre eu mesma onde há de chegar. Chegar mesmo, concordamos eu e eu mesma, não chegamos a conclusão alguma, mas a discussão interna é eterna e fugaz. Embebida de coragem, a dieta começa agora, a corrida, o novo roteiro, um romance completo, um novo jardim, pulo de paraquedas em breve, faço outra tattoo, termino o último roteiro começado, serei mais saudável, irei mais ao templo, começarei a meditar diariamente.

Até que meu eu brigue comigo e façamos uma guerra: a preguiça me enrola e eu paro tudo no meio; procrastino por vício. “Que linda essa música” – ei, volte ao eixo, preste atenção no que está fazendo, eu digo a mim mesma. Mas é distração premeditada, me recuso a fazer o que exijo de mim.

E digo a mim que é melhor deixar a lista de livros de lado e ligar para o terapeuta então porque essa DR minha comigo é um relacionamento disfuncional e cheios de desculpa pra barriga continuar mole, as costas doendo e o futuro pra depois.

QUE TAL MAIS UM?

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