A Valsa do Imperador

9.9.13


Sonhei hoje. Daqueles sonhos que queremos que durem horas. Sonhei com um presente nunca realizado baseado em um passado nunca esquecido. E valsei com o vento, guiada por um marinheiro que nunca se alistou, um cavalheiro de sábias palavras que me guiava em uma valsa cadente, por um corredor sem fim.

E chorei; já não sei se em sonho ou se acordei com o travesseiro encharcado. Chorei copiosamente de saudade e de felicidade por poder, de novo, estar ao seu lado e olhar nos seus olhos muito azuis que sorriam para mim enquanto rodopiávamos alegremente e flutuávamos por uma música inexistente.

Acordei, enfim, com a sensação de saudade saciada. Não trocamos uma palavra sequer, mas lembro-me tão perfeitamente de seus cabelos prateados e sua postura esguia dentro de uma farda marítima branca e azul marinho.

Sei que nunca foi marinheiro, mas sua elegância me faz crer, em minha imaginação mais fértil, que era um herói da Marinha. Isso, talvez, se deva ao fato de que será meu herói para sempre. Sua alma isenta de maldade estendia uma armadura que me protegia do escuro e das tempestades sem fim.


Percebi, enfim, que essa fora a valsa que me prometeu há tantos anos que nem lembro. E que mesmo em sonhos, cumpriu sua promessa, como sempre fez. Cá estou eu, completamente acordada, com o gosto agridoce do ‘feliz, mas triste’ na boca. Mais feliz do que triste porque agora posso sempre voltar àquela valsa. E paro para imaginar que, mesmo sem música, provavelmente valsávamos ao som da Valsa do Imperador, de Johann Strauss; bem a sua cara, imponente como você sempre foi.

QUE TAL MAIS UM?

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