Silêncio

12.8.13


Numa pausa forçada, descobriu ser o silêncio que o acalmava como nenhum calmante jamais havia conseguido.

Primeiro silenciou os ruídos externos; deixou de ouvir o que não lhe acrescentava, se afastou de quem muito falava e nada dizia. Aos poucos, desistiu daqueles que agiam tão opostamente a si, que causavam interferência em seu ego. 

Despiu-se de tudo que não era ele. De tudo que havia usado para adornar sua personalidade com o intuito de se misturar, sentir-se parte de algum lugar. Mas não era ele, nem dele aquilo tudo que as pessoas viam.

Voltou-se para dentro para, então, silenciar a mente. E não foi fácil. Aliás, não é. Se deixássemos a alma cuidar do que nos aflige, certamente sairíamos ainda mais fortes do que quando entramos. Mas a mente não se aquieta, manda mensagens difusas ao corpo que luta contra até perder a guerra, até deixar-se inerte em banho-maria.

E descobriu o silêncio como cicatrizador. Entendeu que para sentir é preciso ouvir o silêncio. Parou de tentar sobrepor suas aflições com uma voz que não para nunca e que diz coisas inúteis. Ao ouvir o silêncio, percebeu que não precisava respirar tão rápido e rasamente. Ouviu o ar entrar e sair dos pulmões e sentiu, pela primeira vez, todo o trajeto feito por ele. Concentrou-se em sentir isso tudo; o sangue correndo pelas veias, os músculos relaxando pouco a pouco, os ouvidos se descomprimindo.

No silêncio, ele estava sozinho. Como um mergulhador de profundidades, era apenas ele e a imensidão muda. Os minutos passavam devagar e a mente desesperava-se para encher de caraminholas a pacificidade do azul sem fim. E na solitude, ele parou para observar como as coisas aconteciam; parou para ouvir o diálogo mudo entre o seu passado e espaço mutante do que está por vir. 

QUE TAL MAIS UM?

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