All my friends

23.9.12


Oh, if the trip and the plan come apart in your hand
you look contorted on yourself your ridiculous prop.
You forgot what you meant when you read what you said,
and you always knew you were tired, but then,
where are your friends tonight?  
Trecho de "All My Friends"- LCD Soundsystem 


All My Friends by LCD Soundsystem on Grooveshark

O fato é que milhares de coisas já foram ditas sobre amizade e como amigos são tão importantes. Mas e se as vidas tomam rumos diferentes? E se não formos capazes de manter a estrutura sólida de um relacionamento tão agregador e relaxante como é o de uma amizade?

De repente, nos vemos, 20 anos à frente, com uma vida diferente da planejada, com pessoas que, não necessariamente, fariam parte do seu círculo de amigos, mas que hoje, é tudo o que lhe resta. São também os filhos, o marido, os sogros, cunhados, os primos, vizinhos, colegas de trabalho, colegas de academia. Tem gente palpitando na sua vida sem mesmo saber que, pela manhã, seu humor não é dos melhores. Tem gente que não sabe que seu Backstreet Boy favorito era o Kevin e que se tocar Celine Dion, você canta a plenos pulmões.

E as piadas que costumavam fazer tanto sentido, passam a ser lembrança. E a vida não é mais tão simples, os problemas são maiores e a drama queen dentro de você teve de adormecer, pelo bem da sua sanidade. Tudo é mais sistemático e metódico. E tem rotina, trabalho e mistura para o arroz&feijão.

Seus interesses são outros. Talvez a cidade, ou até mesmo o país, sejam outros. Distantes, você e seus amigos, se encontram por lembranças. As coisas aconteceram gradativamente, primeiro os números deixaram de estar entre os favoritos no seu celular, os e-mails diminuem abruptamente e a falta de assunto cresce a cada dia. O vão se estende e lembrar, de vez em quando “preciso ligar para fulano,” não é o bastante para reascender a fogueira. Você insiste que seus amigos provavelmente devem estar tão ocupados quanto você, tão realizados quanto você e tão entediados quanto você. Quer voltar ao tempo em que vocês voltavam da faculdade cantando no metrô. De quando podiam chorar deliberadamente, uns na frente dos outros e mesmo assim, admitir que não é assim fraco, que só está “num dia ruim”. 

Então, daqui a 20 anos, você se imagina pegando o telefone para ligar e dizer: “Podemos conversar? Estou precisando desabafar,” mas não sabe mais como fazê-lo, não sabe como abordá-lo, nem por onde começar. Então, você desliga o telefone, frustrada, e a vida continua. Você gostaria que os 20 anos não tivessem passado ou que, pelo menos, eles tivessem passado com mais constância e consistência. E gostaria, mesmo, é que seus amigos estivessem com você porque, no fundo, quando temos a oportunidade de encontrar pessoas que nos desafiam a ser melhores, elas devem continuar ao nosso lado. Assim, você não olhará para trás, daqui a 10 ou 20 anos e sentir uma falta tremenda de tudo e de todos.

Os caminhos são diferentes, sempre. As escolhas também, mas há uma escolha que pode ser feita em conjunto: a de continuarem juntos. Telefone, carta, Skype, sinal de fumaça. E abraços sem fim, lágrimas e sorrisos. Façam bolo juntos, montem um negócio em sociedade ou sejam uns padrinhos dos filhos dos outros. Façam pacto, vodu, façam mágica. Mas façam juntos. Parque, bungee jump, bicicleta, jazz, montanha russa. Filme, brigadeiro, briga. E contem o que há, como está e o que farão. Se importem e amem, acima de tudo, defeitos e qualidades.

Quando sua vida apontar para uma direção, vá. Mas leve com você as experiências e os amigos.

QUE TAL MAIS UM?

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