Esqueça tudo

21.2.08

As mãos deslizavam em direção ao copo, o corpo sedento pedia por mais álcool, a mente sem lembranças que reproduzia imagens desformes e anuviadas, ela não se importava. A última coisa da qual se lembrava vagamente era de ter saído de baixo de chuva de uma casa desconhecida.
Suas vestes enxarcadas lhe davam uma sensação de abandono, mas novamente, ela não se importava.
Não poderia ser diferente, todos os seus dias acabavam ali, naquele bar sujo e distante de qualquer coisa que pudesse lhe recriminar. Sem saber o porquê sentiu os dedos da mão lhe doerem e reparou assim que estavam feridos, estavam sangrando. Quando, tentando recobrar a memória, flashes vinham e a perturbavam de forma arrasadora, às vezes batia, às vezes apanhava.
Nenhum homem naquele bar ousava se aproximar da jovem de aparência descuidada, o cheiro do álcool puro exalava de seus poros, o whisky barato lhe distraía e lhe embebedava um pouco mais.
Bateu no rosto do homem até cansar e sem alternativas saiu pela porta da frente deixando-o em um estado lamentável à suas costas...
Mais um flash maldito que a irritava!
De repente! Lembrou-se do homem, lembrou-se do motivo, lembrou-se da briga, lembrou-se de tudo que não queria mais lembrar...
A ânsia lhe subiu à boca e correu para o fétido banheiro de boteco, ajoelhou-se ao pé do vaso sanitário e colocou pra fora tudo que havia dentro de si, todo aquele álcool que estava lhe fazendo mal, mais imagens estavam atormentando sua cabeça confusa, mais ânsia, mais dor e pela primeira vez raiva. Trancou os dentes e começou a soluçar de ódio por si mesma. Bateu com o punho na lateral do vaso e se levantou, caminhou até o balcão e pediu mais uma dose e assim voltou a beber para esqueçer o que aquela noite em especial havia lhe causado.

QUE TAL MAIS UM?

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