Meu caro, se te
contar o que acontece pelas bandas de cá, você vai cair pra trás. Espera só chegarem
as novas. Claro, já andam postando em tudo quanto é lugar. Provavelmente você
viu, ouviu e leu relatos detalhados de quem sabe, mas nunca esteve lá para
saber.
Todo mundo gosta
de contar uma boa história. Todo mundo gosta de surpreender o colega ao chegar
ao clímax, bem na hora da grande reviravolta. E aí, você prende o
fôlego para ouvir atentamente aos detalhes exagerados de uma história que não é
dele.
Então, é certo
de que já chegou a você tudo o que tenho a lhe contar. Meu elemento surpresa
foi anulado; é post no Facebook e você curte, no Twitter você rebloga, já fizeram
até curta-metragem sobre isso no Instagram. Mas que ingenuidade a minha achar
que você ainda não sabia.
E se eu te
contar, você finge ser novidade? Faz disso um fato inédito para me dar crédito,
peloamordedeus, por uma vez na vida? Finge que eu sou a primeira? Não sou
especialmente boa com detalhes, o que me dá uma desvantagem tremenda em relação
aos meus oponentes- o New York Times que o diga, mas faz disso uma novidade
extrema para me agradar?
Então é isso,
meu querido. Você já sabe e eu já sei que você sabe. Poupemos saliva e caneta
tinteiro. Queria lhe escrever uma carta como Chico fez com o Boal, mas de que
me vale? Até que chega aí, já lhe contei tudo por Whatsapp. Até lá, já
compartilhei 6 imagens de santos, 4 de cachorros fofos, 2 frases de Caio
Fernando de Abreu e 3 videoclipes de animação e isso é tudo o que sou. Daí,
você já me compreendeu e entendeu que minha vida é um perfil aberto e
desbloqueado nas redes sociais. Daí, já deu para saber que minha vida é uma
sequência de esquetes do Porta dos Fundos.