O mundo não deixou de existir só porque você
parou de responder minhas mensagens. Sério, olha, tô por aqui, andando,
comendo, trabalhando e vivendo, em geral.
Não sou das mais fáceis de lidar, logo sei. É
preciso uma paciência de Jó e um saco de filó pra fazer paz em quem espera por
um sinal meu. Você me disse uma vez que sou confusa, que mando sinais trocados
e que nunca sabe como interpretá-los.
O mundo não parou porque você desapareceu de
vista. E é bem provável que eu já tenha caído no seu esquecimento; naquele
lugar onde somem os finais de borracha, os elásticos de cabelo e todas as
moedas de 2 centavos. Eu ainda estou aqui, escrevendo sobre isso, sobre você e
sobre mim.
Sobretudo sobre mim, é verdade. Você vai
achar curioso e até analisar que é sobre você que escrevo, mas acredite: você
não é o primeiro a desistir da minha inconsistência. Escrevo mais sobre mim do
que sobre você porque de você, eu nada sei. Sério. Daria meu siso superior
esquerdo para fazer uma pesquisa em profundidade com você e entender quais
foram as motivações para exercer o silêncio do outro lado da linha.
Porque dos meus motivos eu entendo. E sou
cara de pau o bastante para admiti-los. Mas sobre você?
Mistério.
Queria mesmo saber se foi meu timming descalibrado ou se meu papo maluco de sonhos transoceânicos te assustou.
Queria mesmo saber se foi meu timming descalibrado ou se meu papo maluco de sonhos transoceânicos te assustou.
Talvez tenha sido sua religiosidade diante da
minha descrença. Ou porque você é São Paulo e eu sou Corinthians. Pode ser meu
gosto peculiar por músicas ruins e seu gosto refinado de pais que só tocavam Bossa
Nova no seu berço.
Mas acho que fui eu quem silenciou primeiro e
você, muito astuto, percebeu que era sua deixa pra sair à francesa. Ou por cima
da carne seca.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. O
mundo não parou só porque te mandei uma mensagem de “feliz ano novo” e você
visualizou e não respondeu. Eu não me surpreendi, e nem parei meu mundo por
isso porque, no fundo, eu sabia que isso aconteceria.
E quando o Carnaval chegar, vamos ver se te encontro no bloco de terça-feira só pra dizer ‘oi’ como estranhos que se encontram no elevador todo dia de manhã; só pra sancionar o óbvio: que cada um seguiu sua vida.
Se isso tudo daria em algo, não tem como saber. Mas o fato é que só entende as mensagens difusas quem está disposto a decifrá-las, que
vê isso como desafio; como um sudoku em que os sinais na ordem correta são a
porta para o paraíso. Só os compostos de tanto desembaraço é que estão
propensos a pegar esse ar jocoso que faz do processo mais delirante que o resultado.
O importante é que o mundo não parou, e tem gente à beça respondendo de pronto teus convites e mensagens, bem sei; pois saiba você (ou só fique ciente) de que pros lados de cá tudo anda bem: ando respondendo a quem eu quero e, olha, andam visualizando e me respondendo também.
O importante é que o mundo não parou, e tem gente à beça respondendo de pronto teus convites e mensagens, bem sei; pois saiba você (ou só fique ciente) de que pros lados de cá tudo anda bem: ando respondendo a quem eu quero e, olha, andam visualizando e me respondendo também.