E a gente protege o coração
como se protegesse um filho.
A gente cobre para que não passe frio,
e a gente tranca ele em casa para que nunca se machuque.
Mas então os filhos crescem
e querem se ferir e tomarem conta do próprio destino,
e o coração faz o mesmo,
cego, sai se apaixonando
e o cérebro apesar de estar por cima
é pego de surpresa e sucumbe
e sofre com a insensatez rebelde de um órgão que deveria só bombear,
mas que ao invés disso, bate sem se importar em apanhar.
Rebelde como os filhos adolescentes
que bebem e brigam
e gritam e choram.
Rebeldes e inconsequentes
que apesar da adrenalina se recusam a morrer,
apenas sofrem,
apenas, as duras penas, batem e apanham.
E como o coração cego e rebelde sempre voltam e pedem por mais.